A Justiça argentina condenou nesta quarta-feira (8) o brasileiro Fernando Sabag Montiel e sua namorada, Brenda Uliarte, pela tentativa de assassinato da ex-presidente Cristina Kirchner, ocorrida em setembro de 2022. Montiel foi sentenciado a 10 anos de prisão pelo atentado, pena que foi somada a uma condenação anterior de 4 anos por posse e divulgação de material relacionado a abuso infantil, totalizando 14 anos. Uliarte recebeu pena de 8 anos.
A tentativa de homicídio aconteceu em frente à residência da ex-presidente, em Buenos Aires, quando ela cumprimentava apoiadores. Montiel se aproximou com uma pistola carregada e apertou o gatilho duas vezes a cerca de 15 centímetros do rosto de Cristina. O revólver, embora estivesse com cinco munições, falhou. Nenhum disparo foi efetuado.
Durante o julgamento, Montiel alegou que o processo teria sido manipulado, enquanto Uliarte optou por não se pronunciar. Os fundamentos jurídicos completos da sentença devem ser divulgados em dezembro.
A promotoria enquadrou o caso como tentativa de homicídio qualificado, com agravantes por dolo, motivação política e violência de gênero. Inicialmente, os promotores pediam 15 anos de prisão para Montiel e 14 para Uliarte. Em sua defesa, o brasileiro admitiu a intenção de matar Cristina Kirchner, justificando a ação como um gesto de justiça pessoal.
Imagens divulgadas durante a investigação mostraram o casal participando de manifestações e vendendo algodão-doce em atos de apoio à ex-presidente. Um terceiro suspeito, Nicolás Carrizo, chegou a ser investigado, mas a promotoria concluiu que ele não tinha conhecimento do plano e não apresentou denúncia formal.
O atentado ocorreu pouco antes de Cristina Kirchner ser julgada por corrupção, processo no qual foi condenada em 2022. A Suprema Corte argentina confirmou a condenação em 2025. Atualmente, ela cumpre pena em regime domiciliar em Buenos Aires, mas em endereço diferente daquele onde sofreu o atentado.
Durante o julgamento, a equipe jurídica de Kirchner pediu que fossem apurados eventuais mandantes ou articuladores políticos por trás do ataque. A solicitação foi negada. A ex-presidente declarou se sentir vítima de perseguição, sugerindo que o objetivo de seus adversários seria sua prisão ou morte.
O caso reacendeu o debate sobre violência política na Argentina, tema sensível desde o fim da ditadura militar. A tentativa de homicídio gerou uma onda de solidariedade a Cristina Kirchner, embora figuras como o atual presidente Javier Milei e a ministra da Segurança Pública, Patricia Bullrich, não tenham se manifestado publicamente à época do atentado.