O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), relatou nessa quinta-feira (22) que tomou conhecimento, através da Ouvidoria da Corte, de uma mensagem com ameaças dirigidas a ele. O homem dizia que ia invadir o STF, enchê-lo de “porrada” e o xingava de “rocambole do inferno”.
O desabafo do ministro aconteceu durante a sessão plenária, que discutia uma ação que tratava do aumento do quadro de pessoal do Tribunal de Contas de São Paulo, especialmente em relação a cargos de segurança.
“O regime de segurança com os quais nós convivemos, como agentes públicos, não é o mesmo de dez ou 20 anos atrás, infelizmente. É péssimo, é horroroso, é horrível os limites com os quais nós e nossas famílias temos que lidar por conta dessas pessoas”, desabafou o ministro.
Segundo Dino, a postagem “muito gentil” do cidadão dizia que ele estava nas ruas, em 1979, pedindo a anistia de pessoas como os cantores Gilberto Gil e Caetano Velloso e da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). “Eu tinha 11 anos e posso garantir que estava ou jogando bola ou brincando de carrinho”, ironizou.
O ministro disse que, além de chamá-lo de “bandido”, “ladrão” e “canalha”, o homem também arranjou um “apelido jocoso” para ele, assim como costumam fazer com Alexandre de Moraes, que é alvo de constantes ataques: “rocambole do inferno”.
“Ele termina assim: um cara que nem você tem que apanhar com murro por cima da cara. Arrancar dente por dente da tua boca. É na porrada, meu. Bastam cem homens aí em Brasília, invade o Supremo e expulsa [todos os ministros] do poder”, narrou.
Segundo o ministro, esse exemplo ilustra o “espírito do tempo”. “O espírito do tempo é de cultivo de ódios e desvarios em uma escala criminosa. As caixas de comentários das redes sociais ganham densidade quando elas penetram na mente humana e se transformam em força material.”
Dino apontou ainda que esse tipo de ameaça pode ter consequências. “Não sei se esse senhor ou outro resolvem invadir isso aqui, como já aconteceu”. Por isso, ele defendeu que, ao julgar um processo, o STF precisa “levar em conta as consequências práticas” das decisões.