Carla Zambelli (PL-SP) deixou o Brasil alguns dias depois de ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão, além da perda do mandato e da inelegibilidade por oito anos. A decisão, unânime, foi tomada pela Primeira Turma da Corte, que julgou a parlamentar por envolvimento na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em janeiro de 2023.
A informação sobre a viagem foi divulgada pela própria deputada, que não detalhou o destino exato, apenas informou que está na Europa para fazer tratamento de saúde. Apesar da condenação, Zambelli não teve o mandato cassado automaticamente. Segundo a Constituição, cabe à Câmara dos Deputados deliberar sobre a perda do cargo parlamentar.
Em uma rede social ela declarou: “Eu queria anunciar que estou fora do Brasil. Já faz alguns dias. A princípio, buscando um tratamento médico, é um tratamento que eu já fazia aqui [sem especificar o lugar]. Vou pedir afastamento do cargo”, disse a deputada ao canal AuriVerde, no YouTube.
Mesmo tendo postado tal informação, fontes ligada a Zambelli, afirmam que a mesma está nos Estados Unidos.
O processo que levou à condenação apura o envolvimento de Zambelli no episódio em que o hacker Walter Delgatti Neto acessou ilegalmente o sistema do CNJ e chegou a emitir um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com a investigação da Polícia Federal, o ataque cibernético foi encomendado pela deputada, que teria orientado Delgatti, enviado um texto para ser inserido no sistema e feito pagamentos que somam ao menos R$ 13,5 mil.
Antes de sair do Brasil, a deputada pediu dinheiro aos seus apoiadores. Segundo Carla Zambelli, ela arrecadou mais de R$ 166 mil por meio de doações, valor que seria destinado ao pagamento de multas judiciais impostas em processos nos quais foi condenada.
Em paralelo, a decisão já torna Zambelli inelegível por oito anos, o que a impede de disputar cargos públicos nesse período.
O advogado Daniel Bialski afirmou nesta terça-feira (3), que deixou a defesa da deputada.
Em março deste ano, Bolsonaro chegou a responsabilizar Zambelli por sua derrota nas eleições de 2022, devido ao episódio em que a deputada foi flagrada perseguindo um homem armada, na véspera do segundo turno.