A iniciativa reúne cientistas da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto Curie, vinculado à Universidade de Ciências e Letras de Paris (PSL), com foco no linfoma óculo-cerebral.
O tratamento em estudo utiliza a tecnologia CAR-T, uma forma de imunoterapia de ponta que modifica geneticamente células do sistema imunológico do próprio paciente — os linfócitos T — para que reconheçam e destruam células tumorais. As células são reprogramadas para atacar a proteína CD19, comum em determinados tipos de câncer.
De acordo com o pesquisador Diego Clé, coordenador do projeto no Brasil, o objetivo é receber, no país, versões avançadas das células CAR-T desenvolvidas na França, conduzindo os testes clínicos finais por aqui. “A intenção é concluir o desenvolvimento em parceria e, posteriormente, firmar um acordo de transferência de tecnologia, possibilitando sua oferta pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou.
A pesquisa é fruto de uma colaboração iniciada em 2019, envolvendo também o Instituto Butantan. Em 2022, os esforços culminaram na criação do Nutera, a primeira fábrica de terapias celulares da América Latina, localizada em Ribeirão Preto. Inicialmente, o foco era o tratamento de leucemia linfoide aguda e linfoma não Hodgkin, ambos também com células tumorais que expressam a proteína CD19.
A aliança com o Instituto Curie permitirá, ainda, a realização de análises complementares durante o tratamento, utilizando recursos avançados de sequenciamento genético e estudo do microambiente tumoral — o que deve ampliar a compreensão sobre a eficácia da terapia.