Um levantamento realizado em 2024 traçou o perfil de mulheres empreendedoras das regiões que compõem o chamado “Novo Eixo”. Com mais de 600 entrevistadas, o estudo revela uma realidade marcada por múltiplas jornadas, alta escolaridade e dificuldades no acesso a crédito.

Segundo os dados, a média de idade das empreendedoras é de 42,4 anos. A maioria se identifica como negra (56,6%), é mãe (75,9%) e chefe de família (50,6%). O nível de escolaridade é elevado: 30,1% possuem pós-graduação e 21,6% têm ensino superior completo.

Apesar da qualificação, 71,2% das mulheres não têm no próprio negócio sua única fonte de renda, o que evidencia a necessidade de diversificar os ganhos para garantir estabilidade financeira. O estudo mostra ainda que muitas empreendem não apenas por necessidade, mas também por realização pessoal, contribuindo significativamente para a economia local e enfrentando desafios estruturais.

Entre os principais obstáculos está a falta de acesso a crédito: 69,9% das entrevistadas nunca conseguiram financiamento ou crédito especializado para seus negócios. A limitação compromete a expansão das atividades e a sustentabilidade dos empreendimentos.

As áreas de atuação mais comuns são alimentação (25,7%), moda e beleza (23,5%), artesanato e produtos personalizados (17,3%) e prestação de serviços (15,4%). Esses segmentos geralmente exigem menor capital inicial e se relacionam a saberes prévios das empreendedoras.

Quanto à formalização, 65% das participantes possuem CNPJ. Destas, a esmagadora maioria (94%) está registrada como Microempreendedora Individual (MEI), com rendimentos compatíveis ao limite estabelecido para essa categoria.

O estudo foi conduzido pela Be.Labs, iniciativa que apoia mulheres empreendedoras, e evidencia o papel crucial dessas mulheres no fortalecimento das economias locais, apesar dos entraves históricos e estruturais que ainda enfrentam.