Pesquisadores do Media Lab do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) divulgaram um estudo que sugere que o uso excessivo de ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, pode provocar uma redução na atividade cognitiva humana — fenômeno que os cientistas estão chamando de “atrofia cognitiva”.

A pesquisa foi conduzida com 54 voluntários, divididos em três grupos. O primeiro usou o ChatGPT para escrever ensaios, o segundo recorreu a mecanismos de busca tradicionais e o terceiro se baseou apenas em seu próprio conhecimento. Após três sessões de escrita, uma quarta rodada de testes inverteu os métodos: quem havia usado IA teve que trabalhar sem nenhuma ajuda, e vice-versa.

Os resultados foram surpreendentes. Mais de 83% dos participantes que usaram o ChatGPT não conseguiram lembrar frases que haviam escrito pouco tempo antes. Já os que confiaram somente na própria memória apresentaram desempenho significativamente superior.

Além disso, foi observada uma queda de 47% no engajamento neural entre os usuários da IA — o índice mais baixo entre os grupos. Mesmo ao serem privados da ferramenta, esses participantes continuaram mostrando baixa atividade cerebral, o que os pesquisadores interpretaram como um sinal de dependência e possível “desuso das funções mentais”.

Segundo os autores do estudo, quanto maior o uso de apoio externo (como IA ou buscadores), menor a conectividade entre as redes cerebrais. Os que usaram apenas o próprio cérebro demonstraram maior engajamento neural, enquanto os usuários de IA apresentaram o menor nível de atividade.

Apesar disso, o estudo também reconhece que ferramentas como o ChatGPT tornam as tarefas até 60% mais rápidas. No entanto, essa velocidade vem acompanhada de uma redução de 32% na carga cognitiva — o esforço mental necessário para absorver e reter conhecimento.