O projeto do novo Centro de Treinamento do Santos Futebol Clube, anunciado para ser inaugurado em 2026, está no centro de uma polêmica ambiental. A construção, prevista para a cidade de Praia Grande (SP), deve ocupar uma área de 90 mil metros quadrados de vegetação nativa da Mata Atlântica, bioma protegido por lei federal.
A iniciativa será financiada integralmente pelo empresário Neymar da Silva Santos, pai do jogador Neymar Jr. Ele já teve seu nome envolvido em questões ambientais: em 2023, foi multado em R$ 16 milhões, junto com o filho, pela Secretaria de Meio Ambiente de Mangaratiba (RJ), acusados de realizar obras ilegais em área de preservação. A multa, porém, foi anulada em 2024.
A obra entra em choque com a Lei nº 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, que proíbe a supressão de vegetação nativa para empreendimentos como centros esportivos ou comerciais, a menos que haja utilidade pública comprovada.
O terreno pretendido fica nos arredores do Parque Estadual Xixová-Japuí, área de proteção ambiental criada em 1993, com cerca de 900 hectares de floresta, o equivalente a mais de mil campos de futebol.
O novo CT deve contar com três campos de futebol, um estádio com capacidade para 25 mil pessoas, além de hotel, clube e academia. Apesar do porte do projeto, a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Praia Grande informaram que ainda não receberam pedido de licenciamento para a obra.
O Santos já conta com o CT Rei Pelé, ativo desde 2005 e reformado recentemente com investimento de R$ 10 milhões — também bancado por Neymar pai. Com o novo centro, a estrutura atual será voltada exclusivamente para as categorias de base e o futebol feminino do clube.