Três anos após o acidente que interrompeu a trajetória de Marília Mendonça, a artista continua presente no cenário musical e batendo recordes. A prova mais recente é a música Leão, lançada em dezembro de 2022, que se tornou a faixa mais reproduzida da história do streaming no Brasil. E esse sucesso pode ser apenas o começo.
Segundo informações do empresário Wander Oliveira, responsável por gerenciar a carreira da cantora e dono da Workshow, o volume de material inédito é tão grande que pode sustentar lançamentos por pelo menos duas décadas. A ideia seria disponibilizar, em média, dez faixas por ano, entre canções finalizadas e registros ainda em produção.
Desde 2019, quando a artista firmou contrato com a Som Livre, toda a sua obra passou a estar vinculada à gravadora. Com a morte precoce em 2021, o controle sobre o acervo ficou dividido entre três frentes: a família representada por Ruth Dias, mãe da cantora, e por Murilo Huff, pai do filho Léo; a gravadora Som Livre, responsável pela exploração comercial; e o escritório que cuidou da carreira da artista.
Essa gestão compartilhada exige decisões conjuntas, o que tem gerado tanto novos projetos quanto divergências internas. Um dos pontos de conflito é um pen drive que reúne entre 100 e 110 arquivos, com gravações em voz e violão, ideias de composições e registros inéditos. O material foi organizado por Juliano Soares, conhecido como Tchula, parceiro de composição e amigo próximo da cantora.
O empresário defende que esse acervo seja preservado como herança do filho de Marília e administrado por ele no futuro. A família, no entanto, argumenta que, pelo contrato firmado com a gravadora, todo o conteúdo já pertence à Som Livre, que teria autonomia para planejar lançamentos. Essa discordância paralisou as negociações, agravadas pela disputa judicial pela guarda de Léo, que veio a público em junho de 2025.
Outro impasse envolve o modelo de contrato para as músicas inéditas. A gravadora detém atualmente a cessão definitiva da obra, enquanto Wander defende que novos lançamentos ocorram por meio de licenciamento, permitindo que, no futuro, a família reassuma o controle sobre o catálogo.
Apesar das divergências, os fãs podem esperar muitas novidades. Além das composições inéditas, há registros das lives realizadas durante a pandemia, que já originaram o álbum Decretos Reais e poderão dar origem a novos projetos. Com mais de uma centena de músicas guardadas, o legado de Marília Mendonça se mantém vivo e com potencial para atravessar gerações.