Quase 6% dos moradores de São Luís têm diagnóstico de diabetes

Cerca de 18,5% da população de São Luís, no Maranhão está obesa e 6% apresentam o diagnóstico de diabetes. Os dados são da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, que ainda mostra que a cada 10 casos de diabetes, 9 são do tipo 2, que está diretamente relacionada ao excesso de peso. A ligação entre obesidade e diabetes é bem estabelecida na literatura médica, mas a compreensão dessa relação é fundamental para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento.

Foto: Divulgação

Dia 26 de junho foi o Dia Nacional de Combate ao Diabetes. De acordo com o Dr. Giuliano Campelo, cirurgião bariátrico e metabólico em São Luís, a obesidade é uma doença multifatorial definida como o acúmulo excessivo de gordura corporal, resultante de um desequilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto energético. Esse acúmulo de gordura, especialmente a gordura visceral – aquela que se deposita em torno dos órgãos internos -, está fortemente relacionado com a resistência à insulina, um precursor da diabetes tipo 2. A insulina é um hormônio essencial para o metabolismo da glicose e sua eficácia é comprometida quando o corpo acumula grandes quantidades de gordura.

O diabetes pode trazer diversas complicações, das mais simples às mais severas. “A glicose em excesso ‘rouba’ a água do corpo. A desidratação leva o paciente a ter pele seca, coceira e infecções por fungos e/ou bactérias. A doença ainda pode trazer problemas ao coração, artérias, olhos, rins e nervos. Em estágios mais graves, a diabetes pode levar a amputações de membros. Sem contar a repercussão na vida pessoal, social, familiar e profissional, que é difícil de mensurar”, explica Campelo, mostrando que, para alguns pacientes, a única forma de controlar o diabetes é a cirurgia metabólica.

Resistência à insulina e inflamação

Pessoas obesas frequentemente desenvolvem resistência à insulina, o que significa que suas células se tornam menos sensíveis aos efeitos desse hormônio. Isso resulta em níveis elevados de glicose no sangue, forçando o pâncreas a produzir mais insulina para tentar compensar. Com o tempo, essa sobrecarga pode levar à disfunção das células beta do pâncreas, culminando na diabetes tipo 2.

A obesidade, explica ainda Campelo, está associada a um estado inflamatório crônico de baixo grau. As células adiposas, especialmente quando em grande quantidade no corpo, secretam uma variedade de substâncias inflamatórias, chamadas de citocinas. Elas contribuem para a resistência à insulina e podem danificar ainda mais o sistema metabólico, criando um ciclo vicioso que perpetua a inflamação e a disfunção metabólica.

Cirurgia metabólica

A relação entre obesidade e diabetes tipo 2 apresenta um desafio significativo para os sistemas de saúde em todo o mundo. A gestão dessas condições é complexa e onerosa, exigindo uma abordagem multidisciplinar que inclui mudanças no estilo de vida (melhora da alimentação e a prática de atividade física) e intervenção médica, com tratamento medicamentoso que não pode ser negligenciado pelo paciente.

Mas quando o tratamento não produz o efeito desejado e a diabetes continua a colocar o paciente em risco, a indicação é a cirurgia metabólica. Ela é muito parecida com a bariátrica, que faz a redução do estômago, pois utiliza as mesmas técnicas. Com a intervenção no sistema digestivo, o organismo regula a produção de hormônios e, assim, consegue combater a alta glicemia. Em consequência, o paciente também consegue combater a obesidade, doença que leva a diversos outros problemas de saúde.

Os tipos mais comuns de técnicas bariátricas e metabólicas regulamentadas são:

– Sleeve: É um procedimento no qual o estômago é reduzido de tamanho assumindo um aspecto tubular. Isso favorece um esvaziamento mais rápido e estimula a saciedade mesmo com uma pequena ingestão de alimentos.

– Bypass gástrico: Este é um procedimento que envolve, além da diminuição do tamanho do estômago, um desvio do intestino. Ele possui uma potência metabólica maior, sendo por isso indicado para pacientes diabéticos ou com grande excesso de peso.

Ambas as técnicas são realizadas de forma minimamente invasiva, através da laparoscopia ou cirurgia robótica. A escolha entre bypass ou sleeve depende de uma análise individualizada da condição de saúde do paciente e uma boa conversa com o cirurgião.

Para muitos pacientes, a cirurgia leva à redução drástica na necessidade de medicamentos e, em alguns casos, a remissão do diabetes tipo 2, proporcionando uma vida mais longa e com melhor qualidade.

“O Dia Nacional de Combate ao Diabetes é muito importante para lembrarmos que a doença não pode ser negligenciada e que há formas eficazes de tratá-la, seja com medicamentos ou com a cirurgia metabólica. Quem tem, precisa aderir ao tratamento urgentemente e não abandoná-lo. E quem não possui diabetes deve se preocupar em estar sempre cuidando da saúde, com uma alimentação o mais natural possível e a prática de pelo menos 150 minutos de atividade física por semana, que é a indicação da Organização Mundial da Saúde. A caminhada, num ritmo um pouco mais acelerado, é uma excelente opção e está ao alcance de todos”, ensina o cirurgião bariátrico.

Com informações da Assessoria

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